O Reino de Deus e o reino de Disney

O Rei­no de Deus é estra­nho: ele está aqui, mas não é visí­vel, exis­te, mas não tem geo­gra­fia ou rele­vo, não obe­de­ce fron­tei­ras, nem a Cons­ti­tui­ção de paí­ses, não está cá ou aco­lá, mas está “entre” nós.

No Rei­no de Deus os valo­res se inver­tem, e só se pode enten­dê-lo como que atra­vés de um espe­lho. Nele, é for­te quem na ver­da­de é frá­gil, é rico quem se des­pe de tra­jes reais, é feliz quem se acei­ta fini­to e incom­ple­to, e a matu­ri­da­de está com quem se reco­nhe­ce cri­an­ça – que é dife­ren­te de man­ter-se infan­til a vida toda.

No rei­no de Deus o soli­tá­rio vive em famí­lia e a esté­ril é mãe de mui­tos filhos, o vizi­nho tor­na-se mais pró­xi­mo que um irmão, os últi­mos che­gam na fren­te, e o que nada tem pos­sui mais do que o abas­ta­do; os enten­di­dos nada sabem e aos sim­ples é que são com­par­ti­lha­dos os mis­té­ri­os divinos.

O Rei­no tem apre­ço pelo rejei­ta­do, pelo roto e pelo esfar­ra­pa­do, e é o úni­co lugar do mun­do que ter mau com­por­ta­men­to não é impe­di­ti­vo para aden­tra-lo, pelo con­trá­rio, é jus­ta­men­te a esses que o dono do Rei­no busca.

Nes­se Rei­no a linha­gem da famí­lia não con­ta, pois ali não exis­te “pedi­gree” espi­ri­tu­al, não exis­te hie­rar­quia, todos estão no mes­mo pata­mar. Os ver­da­dei­ros habi­tan­tes des­se lugar não bus­cam títu­los, hon­ra­ri­as ou poder – pois o úni­co títu­lo que con­ta é o de ser­vo. E quem dese­ja ser mais que isso ain­da nada enten­deu dos valo­res que o Pai preza.

As pes­so­as do Rei­no não esban­jam cer­te­zas, porém estão cons­ci­en­tes de suas dúvi­das, inde­ci­sões, con­fli­tos. Mas o Rei­no, feliz­men­te, é um lugar de fra­gi­li­da­des, de sen­si­bi­li­da­de e bom humor, pois são pes­so­as que apren­de­ram a ri de si mes­mas. Ser sim­ples é a for­ma de vida sau­dá­vel no rei­no, e é feliz jus­ta­men­te quem não se esfal­fa cor­ren­do atrás da feli­ci­da­de, mas dei­xa a vida fruir.

Entre­tan­to, como o Dia­bo veio seme­ar a men­ti­ra, e é um gran­de imi­ta­dor, ele vale-se de seu dis­far­ce de “anjo de luz” para lan­çar as bases de um outro rei­no… o “rei­no de Dis­ney” – um mun­do de fan­ta­sia, fun­da­do no dese­jo de poder e domí­nio, onde Deus é con­tro­la­do pelos fiéis. Mis­tu­ram fan­ta­sia com rea­li­da­de, mis­tu­ram bíblia e reli­gi­o­si­da­de popu­lar, mis­tu­ram a Pala­vra de Deus com a pala­vra de homens.

Esse rei­no para­le­lo tem trans­for­ma­do a fé cris­tã num gran­de calei­dos­có­pio de shows, megashows, pas­to­res-pops­tars, fuma­ça, ufa­nis­mos e fra­ses de efei­to. Nes­se outro rei­no, todo mun­do é ven­ce­dor, todo mun­do pode ser mui­to rico, a doen­ça foi bani­da, e os tes­te­mu­nhos mos­tram pes­so­as que não dizem uma só pala­vra sobre san­ti­da­de ou que­bran­ta­men­to, mas ensi­nam a “fór­mu­la” que des­co­bri­ram para o sucesso.

Na “dis­ney­lân­dia da fé” tudo é lin­do, mara­vi­lho­so, Deus põe dinhei­ro na con­ta, Deus dá car­ro novo, são cura­dos ime­di­a­ta­men­te e nada lhes pode acon­te­cer de ruim. Na vida real, ao con­trá­rio, os que de fato per­ten­cem ao Rei­no do Pai estão sujei­tos às vicis­si­tu­des da vida, podem ter mor­te pre­ma­tu­ra, casa­men­tos des­fei­tos, filhos envol­vi­dos com dro­gas, desen­vol­ver doen­ças – onde alguns podem ser cura­dos por Deus, outros pre­ci­sa­rão pas­sar por lon­gos tra­ta­men­tos, e outros… morrerão.

No Rei­no as pala­vras-cha­ve são: espe­ra, con­fia, entre­ga… No outro é: deter­mi­ne, rei­vin­di­que, peça o que é seu, ago­ra! No Rei­no de Deus o pro­pó­si­to da vida é agra­dar ao Eter­no, viver para o pró­xi­mo e cres­cer à esta­tu­ra do Filho, viven­do em man­si­dão e desa­pe­go. No rei­no do enga­no o pro­pó­si­to da vida é satis­fa­zer aos dese­jos bara­tos, é viver de um modo infan­til e jamais alcan­çar a maturidade.

Bem, há dois rei­nos para se viver… você pode esco­lher a que Rei­no pertencer.

Pr. Daniel Rocha

Pr. Dani­el Rocha

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