Manifesto dos bispos e bispas metodistas

E o efei­to da jus­ti­ça será paz, e a ope­ra­ção da jus­ti­ça, repou­so e segu­ran­ça para sem­pre” (Isaías 32:17).

As últi­mas vota­ções de pro­je­tos impor­tan­tes para a eco­no­mia atu­al e para o futu­ro de todo o povo bra­si­lei­ro são moti­vo de dúvi­das e inqui­e­ta­ções de toda par­te. É tem­po de supe­rar as dubi­e­da­des e dico­to­mi­as par­ti­dá­ri­as a que nós nos sub­me­te­mos vez ou outra para per­ce­ber que, aci­ma de posi­ções de direi­ta, esquer­da ou cen­tro, todas as pes­so­as igual­men­te sofre­rão impac­tos, cujas pro­por­ções serão mai­o­res sobre aque­las que menos se podem defen­der. Por isso, a Igre­ja Meto­dis­ta se soma às demais vozes que já eco­am pro­fe­ti­zan­do e denun­ci­an­do os peri­gos da pre­ci­pi­ta­ção da toma­da de deci­sões, sem levar em con­ta os cla­mo­res popu­la­res que de todos os lados cla­mam por cau­te­la e trans­pa­rên­cia nos inte­res­ses que levam ao momen­to cru­ci­al que experimentamos.

Este mani­fes­to não é ape­nas para nos­so povo, no seu âmbi­to deno­mi­na­ci­o­nal, mas para todas as pes­so­as que ense­jam tem­pos melho­res para nos­so país, como luz da gra­ça e da jus­ti­ça de Deus para todos os povos da ter­ra, como her­dei­ros e her­dei­ras das pro­mes­sas divi­nas fei­tas a Abraão, de que todas as nações podem e devem ser aben­ço­a­das. Isso sig­ni­fi­ca paz, jus­ti­ça, equi­da­de e pro­te­ção para todos e todas.

É sen­so comum de vári­as ver­ten­tes de aná­li­ses que o atu­al gover­no exe­cu­ti­vo, bem como o Legis­la­ti­vo, vem toman­do medi­das que afe­tam nega­ti­va­men­te os empo­bre­ci­dos do nos­so país. Essas medi­das em nada melho­ra­rão o sis­te­ma de saú­de, a edu­ca­ção ou o sis­te­ma pre­vi­den­ciá­rio. Ao serem pos­tas em vota­ção, todas essas medi­das são cor­ro­bo­ra­das pelo Sena­do e pela Câma­ra de Depu­ta­dos, por homens e mulhe­res cuja elei­ção acon­te­ceu para que fizes­sem leis jus­tas, visan­do garan­tir uma vida dig­na para o povo, que é o bem mais pre­ci­o­so do país. Entre­tan­to, os gru­pos econô­mi­cos e o capi­tal estran­gei­ro têm tido pri­ma­zia sobre os inte­res­ses da nação brasileira.

Quem fala­rá pelo povo? Acre­di­ta­mos que o pró­prio povo tem essa res­pon­sa­bi­li­da­de. Para isso, deve-se uti­li­zar de todos os meca­nis­mos de pres­são polí­ti­ca para exi­gir que deputados(as) fede­rais, senadores(as) e o pró­prio gover­no parem de pro­du­zir leis e pro­je­tos de lei que tirem ou dimi­nu­am direi­tos con­quis­ta­dos sob mui­ta luta por meio de seus órgãos repre­sen­ta­ti­vos, como os sin­di­ca­tos, ou pelo pró­prio povo em movi­men­tos de rua.

Um exem­plo con­cre­to da dis­pa­ri­da­de pode ser encon­tra­do no impos­to de ren­da. Há quan­to tem­po não se cor­ri­ge de for­ma pre­ci­sa a tabe­la? Segun­do o infor­ma­ti­vo G1, “em 20 anos, a defa­sa­gem em rela­ção à vari­a­ção da cor­re­ção da tabe­la do IR em rela­ção à infla­ção somou 72,2%”. Isto é uma for­ma indi­re­ta de aumen­tar a cobran­ça de impos­tos. Mais gri­tan­tes, porém, são as duas recen­tes pro­pos­tas de emen­da à Cons­ti­tui­ção: a PEC 241/2016, sobre o teto dos gas­tos públi­cos, que pre­ju­di­ca a edu­ca­ção e a saú­de e que já foi pro­mul­ga­da e seus efei­tos serão sen­ti­dos pelos pró­xi­mos 20 anos; e a PEC 287/2016, que tra­ta da refor­ma da pre­vi­dên­cia. Esta se encon­tra em tra­mi­ta­ção nas casas legis­la­ti­vas e já rece­beu mais de 140 pro­pos­tas de emen­das para alte­ra­ção do tex­to, demons­tran­do que ela vio­la o sagra­do direi­to à apo­sen­ta­do­ria com dignidade.

Os bis­pos e as bis­pas meto­dis­tas oram para que deputados(as) e senadores(as) sejam tocados(as) por Deus, de modo que suas cons­ci­ên­ci­as sejam des­per­ta­das para que não apro­vem leis que pre­ju­di­quem a mai­o­ria do nos­so povo. Tam­bém ori­en­ta­mos os(as) meto­dis­tas para que uti­li­zem os mei­os legí­ti­mos para faze­rem pres­são sobre os(as) deputados(as) e senadores(as) para que não apro­vem medi­das que firam ou dimi­nu­am os direi­tos do povo. Como povo de Deus pre­ci­sa­mos agir con­for­me nos­sa fé e atu­ar para que seja­mos ouvidos(as). Por­tan­to, não nos cale­mos. Faça­mos ouvir a nos­sa voz.

Colé­gio Epis­co­pal da Igre­ja Metodista

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.