O problema sou eu!”

Quan­tas vezes você já ouviu alguém fazer essa decla­ra­ção, admi­tin­do, reco­nhe­cen­do e acei­tan­do que ele é o pro­ble­ma ou que o pro­ble­ma está com ele? Ima­gi­no que, assim como eu, pou­cas vezes você encon­trou alguém que tenha tido a humil­da­de, a hones­ti­da­de e a cora­gem de admi­tir “ser o problema”.

Recen­te­men­te, ouvi a his­tó­ria de alguém que esta­va mudan­do de igre­ja pela quar­ta vez e, para essa pes­soa, o pro­ble­ma era nova­men­te com a igre­ja. Muda-se de igre­ja pelos mais vari­a­dos moti­vos, alguns até rele­van­tes, mas, na mai­o­ria das vezes, não é esse o caso. Con­tu­do, inde­pen­den­te­men­te do moti­vo da mudan­ça, o melhor cami­nho é sem­pre per­ma­ne­cer e pro­cu­rar tor­nar-se o canal da mudan­ça ou da melho­ria que se dese­ja. Fico me per­gun­tan­do se, depois de qua­tro mudan­ças, a pes­soa real­men­te não con­se­guiu per­ce­ber que o pro­ble­ma não está nas igre­jas que ela aban­do­nou, mas nela própria.

A mes­ma lógi­ca se apli­ca a mui­tas outras esfe­ras da vida. Há pes­so­as se casam e se des­ca­sam com uma faci­li­da­de enor­me e, para elas, a cau­sa da sepa­ra­ção é sem­pre o outro. Tem gen­te que muda de empre­go como muda de rou­pa e, em suas jus­ti­fi­ca­ti­vas, o pro­ble­ma é sem­pre o patrão, ou o salá­rio, ou o ambi­en­te, ou a dis­tân­cia. Nun­ca está bom e difi­cil­men­te um dia fica­rá bom para essas pes­so­as, enquan­to as coi­sas não esti­ve­rem boas den­tro delas mesmas.

Pes­so­as mal resol­vi­das com sua apa­rên­cia, com seus valo­res, com seus sen­ti­men­tos, com sua fé ten­dem sem­pre a trans­fe­rir para o pas­tor ou pas­to­ra, para a lide­ran­ça da igre­ja, para o côn­ju­ge, para os vizi­nhos, para o che­fe, para o Dia­bo a cul­pa de as coi­sas não fun­ci­o­na­rem, não serem boas ou não serem do jei­to que elas acham que deve ser.

Uma pes­soa assim pode, inclu­si­ve, estar pre­ci­san­do de uma inter­ven­ção psi­quiá­tri­ca. Sim, lite­ral­men­te, ela pre­ci­sa se tra­tar e esse tra­ta­men­to deve, antes de tudo, pas­sar pelo viés da essên­cia de quem ela é. Nes­se sen­ti­do, a Pala­vra de Deus pode e deve aju­dá-la muito.

Lem­bro aqui dois prin­cí­pi­os impor­tan­tes. Pri­mei­ro, todos nós somos peca­do­res e care­ce­mos da gló­ria, da mise­ri­cór­dia, do per­dão do Senhor. “Por­que todos peca­ram e des­ti­tuí­dos estão da gló­ria de Deus” (Rm 3:23). O que quer dizer estar des­ti­tuí­do da gló­ria de Deus? Segun­do o pas­tor e escri­tor John Piper, “sig­ni­fi­ca que nenhum de nós con­fi­ou e esti­mou a Deus da manei­ra que deve­ría­mos. Nós não fica­mos satis­fei­tos com a Sua gran­de­za e não anda­mos em Seus cami­nhos. Temos bus­ca­do nos­sa satis­fa­ção em outras coi­sas e as tra­ta­mos como mais vali­o­sas do que Deus. E isso é a essên­cia da ido­la­tria (Rm 1:21–23). Des­de que o peca­do entrou no mun­do, todos nós temos sido pro­fun­da­men­te resis­ten­tes a ter Deus como nos­so tesou­ro todo-satis­fa­tó­rio (Ef 2:3). Isto é uma ofen­sa ter­rí­vel con­tra a gran­de­za de Deus (Jr 2:12–13)”. Por­tan­to, temos duas rea­li­da­des cla­ras: uma é que todos peca­ram, ou seja, não exis­te pas­tor, igre­ja, casa­men­to ou empre­go per­fei­tos; a outra é que, enquan­to Deus não for sufi­ci­en­te para nós, nada vai nos agradar.

O segun­do prin­cí­pio que tra­go à nos­sa memó­ria é que pre­ci­sa­mos enten­der o nos­so valor, pois fomos fei­tos à ima­gem e seme­lhan­ça do Cri­a­dor: “Faça­mos o homem à nos­sa ima­gem, con­for­me a nos­sa seme­lhan­ça […]. Cri­ou Deus o homem à sua ima­gem, à ima­gem de Deus o cri­ou; homem e mulher os cri­ou” (Gn 1:26–17). A úni­ca for­ma de nos resol­ver­mos conos­co mes­mo é enten­den­do por quem fomos cri­a­dos e qual foi a base des­sa cri­a­ção. Por isso, não deve­mos cri­ti­car por cri­ti­car nem des­va­lo­ri­zar ou des­me­re­cer quem quer que seja. Embo­ra o peca­do nos tenha defor­ma­do, nos­sa essên­cia san­ta, per­fei­ta e divi­na sem­pre será man­ti­da, pois nada, nem mes­mo o peca­do, pode anu­lar o fato de que fomos cri­a­dos por Deus e que nos­sa essên­cia é a mes­ma d’Ele. Por isso, temos mui­to valor, um valor tão alto que só pôde ser pago com o pre­ci­o­so san­gue do Cordeiro.

Se você se encon­tra em algu­ma das situ­a­ções aqui men­ci­o­na­das, pen­se que tal­vez o pro­ble­ma seja você ou este­ja em você. Se for esse o caso, pri­mei­ra­men­te admi­ta essa rea­li­da­de, que é mui­to mais comum do que ima­gi­na­mos. Em segun­do lugar, bus­que aju­da de um ami­go, do seu líder de PG, de um médi­co ou do seu pas­tor ou pas­to­ra. Mas, antes de tudo, per­mi­ta que o Senhor te cure, te liber­te e te faça com­ple­to com Sua pre­sen­ça e graça.

Pr Tiago Valentim

Do ami­go e pastor,
Rev. Tia­go Valentin

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.