Juntos é mais fácil

A fé cris­tã tem algu­mas bases fun­da­men­tais: a figu­ra de Cris­to é o cen­tro da nos­sa fé; a Pala­vra de Deus é o seu fun­da­men­to e leva em con­si­de­ra­ção o ser inte­gral (cor­po, alma e espí­ri­to); e a Gra­ça de Deus é o parâ­me­tro para sua vivên­cia. Entre essas bases uma é essen­ci­al: a fé cris­tã neces­sa­ri­a­men­te é pra­ti­ca­da em con­jun­to. O crer em Cris­to me leva impres­cin­di­vel­men­te em dire­ção ao outro.

A comu­ni­da­de é a base do minis­té­rio e da pre­ga­ção de Jesus. Logo após ter sido bati­za­do, Jesus ini­cia Seu minis­té­rio públi­co e Sua pri­mei­ra ati­tu­de é for­mar um gru­po, uma comu­ni­da­de. Ele cha­ma os pri­mei­ros dis­cí­pu­los e pas­sa a ensi­nar-lhes o quão impor­tan­te é cami­nha­rem jun­tos, bus­ca­rem ter tudo em comum, serem soli­dá­ri­os uns com os outros, esta­rem a ser­vi­ço das pes­so­as. Como sem­pre, Jesus pre­ga e demons­tra. São raros os momen­tos em que Ele se iso­la do gru­po ou diz para os dis­cí­pu­los fica­rem sozi­nhos. Há momen­tos em que é neces­sá­rio entrar em secre­to no quar­to e bus­car o Pai, mas a base, o fun­da­men­to de ser dis­cí­pu­lo de Cris­to é estar sem­pre jun­to daque­les que têm a mes­ma fé.

O epi­só­dio dos cami­nhan­tes de Emaús é emble­má­ti­co (Lucas 24:13–35). Ao que tudo indi­ca, esses dois dis­cí­pu­los fazi­am par­te de um gru­po mai­or de segui­do­res de Cris­to, com­pos­to, quem sabe, pelos seten­ta que foram envi­a­dos em mis­são. Entre as mui­tas lições que apren­de­ram com Jesus, pode­mos dizer que uma eles gra­va­ram bem: não devi­am cami­nhar sozi­nhos, mas sem­pre estar, no míni­mo, em dois. Tal­vez tenham man­ti­do a dupla daque­la via­jem mis­si­o­ná­ria. Ambos esta­vam tris­tes e pos­si­vel­men­te decep­ci­o­na­dos com tudo o que havia acon­te­ci­do em Jeru­sa­lém naque­les últi­mos dias.

O ver­sí­cu­lo 14 diz que iam comen­tan­do o que havia acon­te­ci­do, tal­vez ali­men­tan­do a fé um do outro, aju­dan­do a enten­der e absor­ver o tris­te acon­te­ci­men­to com o Mes­tre. E é nes­se con­tex­to de união, par­ce­ria e dis­ci­pu­la­do que Jesus apa­re­ce para eles. Tes­te­mu­nhos são con­ta­dos, a Pala­vra pro­fé­ti­ca é res­ga­ta­da, a exor­ta­ção é fei­ta, mas é na comu­nhão, no par­tir do pão que os cami­nhan­tes reco­nhe­cem que aque­le pere­gri­no é o Mes­tre. A fé é ali­men­ta­da, a espe­ran­ça é reno­va­da e a pai­xão rea­cen­de em seus corações.

Nos momen­tos mais difí­ceis, o que mais pre­ci­sa­mos é de um(a) irmão(ã) do nos­so lado, alguém que pos­sa nos dar apoio e cho­rar conos­co as nos­sas lágri­mas. Se os cami­nhan­tes de Emaús esti­ves­sem sozi­nhos, pro­va­vel­men­te teri­am aban­do­na­do de vez aqui­lo que tinham apren­di­do. Mas, por terem per­ma­ne­ci­do jun­tos, tudo ficou mais fácil.

Pre­ci­sa­mos urgen­te­men­te sair do iso­la­men­to, rom­per com o indi­vi­du­a­lis­mo e aban­do­nar a autos­su­fi­ci­ên­cia. Se nos con­si­de­ra­mos cris­tãos, pre­ci­sa­mos ter prá­ti­cas cris­tãs e a pri­mei­ra delas é cami­nhar­mos jun­tos. É no dis­ci­pu­la­do e por meio dos rela­ci­o­na­men­tos que nos­sos olhos se abrem para ver o agir de Deus, Seu cui­da­do e gra­ça mani­fes­tan­do-se em nos­sa exis­tên­cia. É na vida do outro que eu sin­to o zelo de Deus para com a minha pró­pria vida.

Cami­nhar sozi­nho é mui­to mais difí­cil e, para nós que somos discípulos(as) de Jesus, é um con­tras­sen­so. Não cami­nhe sozi­nho, não dei­xe de se envol­ver com outros(as) irmãos(ãs), invis­ta nos rela­ci­o­na­men­tos e expe­ri­men­te o dis­ci­pu­la­do pes­so­al ou em gru­po. Com cer­te­za, sua cami­nha­da será mui­to mais fácil.

Pr Tiago Valentim

Do cami­nhan­te,
Pr. Tia­go Valentin

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