Estamos em reforma

Nes­ta segun­da-fei­ra, 31 de outu­bro, cele­bra­re­mos os 499 anos da Refor­ma Pro­tes­tan­te, um movi­men­to cris­tão lide­ra­do pelo mon­ge cató­li­co Mar­ti­nho Lute­ro, que pro­tes­tou con­tra diver­sos pon­tos dou­tri­ná­ri­os da Igre­ja Cató­li­ca Apos­tó­li­ca Roma­na, pro­pon­do uma série de alte­ra­ções. Foi nes­se dia, em 1517, que Lute­ro publi­cou suas famo­sas 95 teses, pro­pon­do a refor­ma da Igre­ja. Por essa razão, a data ficou mar­ca­da como o Dia da Reforma.

A Refor­ma Pro­tes­tan­te é um mar­co não só para a his­tó­ria da Igre­ja, mas para a soci­e­da­de como um todo. A par­tir des­se movi­men­to refor­mis­ta, novas for­mas de con­gre­gar e expres­sar a fé se desen­vol­ve­ram, den­tre as quais eu des­ta­co as cha­ma­das igre­jas evan­gé­li­cas his­tó­ri­cas, como a Meto­dis­ta, a Batis­ta, a Pres­bi­te­ri­a­na, a Con­gre­ga­ci­o­nal e a Lute­ra­na. O sur­gi­men­to des­sas novas ver­ten­tes do cris­ti­a­nis­mo alte­rou pro­fun­da­men­te o cená­rio soci­al, polí­ti­co e finan­cei­ro do mun­do, sobre­tu­do no Ocidente.

Den­tre os mui­tos prin­cí­pi­os que decor­re­ram da Refor­ma, mere­ce espe­ci­al aten­ção a fra­se do pas­tor cal­vi­nis­ta holan­dês Gis­ber­tus Voe­tius “Igre­ja Refor­ma­da, sem­pre se refor­man­do”, que nos leva a uma séria e pro­fun­da refle­xão. Con­si­de­ran­do que a Igre­ja não é um pro­je­to divi­no fina­li­za­do, mas que está e deve estar sem­pre se refor­mu­lan­do, adap­tan­do-se e dis­cer­nin­do seu tem­po, enten­de­mos que essa refor­ma é cons­tan­te, for­çan­do a Igre­ja a não per­der seu foco, que é o de sina­li­zar, da manei­ra mais con­cre­ta e abran­gen­te, o Rei­no de Deus, que pro­mo­ve paz, jus­ti­ça e ale­gria para todos e todas.

Vale res­sal­tar que outros per­so­na­gens tam­bém con­tri­buí­ram para a Refor­ma, mas, segu­ra­men­te, a prin­ci­pal figu­ra é Lute­ro. Isso tal­vez tenha ocor­ri­do pelo fato de a Refor­ma ter come­ça­do pri­mei­ro no cora­ção e na men­te dele!

Por vol­ta de 1505, Lute­ro ingres­sou na vida aca­dê­mi­ca e ali alcan­çou gran­de des­ta­que, espe­ci­al­men­te na área de estu­do em que se espe­ci­a­li­zou: a Bíblia. E esse foi, sem dúvi­da, o meio pelo qual Deus o des­per­tou em rela­ção aos erros come­ti­dos pela Igre­ja. Quan­do deci­diu tra­du­zir a Bíblia para a lín­gua ale­mã, e assim tor­ná-la aces­sí­vel ao povo, Lute­ro mer­gu­lhou com tal pro­fun­di­da­de no estu­do das Escri­tu­ras que a ver­da­de lhe sal­tou aos olhos e ele foi liber­to das amar­ras sufo­can­tes e opres­so­ras dos dog­mas romanos.

Pode­mos afir­mar que, ao estu­dar a Bíblia, Lute­ro des­co­briu e enten­deu o que era o cris­ti­a­nis­mo de ver­da­de. Ousa­ría­mos dizer que foi aí que ele se con­ver­teu. Por isso, enten­de­mos que a Refor­ma se ini­ci­ou no cora­ção de Lute­ro, alte­ran­do pro­fun­da­men­te e defi­ni­ti­va­men­te seus valo­res, sua visão e sua fé.

Empres­tan­do nova­men­te a fra­se de Voe­tius – soma­da ao enten­di­men­to do após­to­lo Pau­lo de que a Igre­ja somos nós, e não exa­ta­men­te a cons­tru­ção, o tem­plo que abri­ga nos­sos cul­tos – e adi­ci­o­nan­do a expe­ri­ên­cia de Lute­ro, pode­mos afir­mar que, uma vez con­ver­ti­dos, pre­ci­sa­mos con­ti­nu­ar nos con­ver­ten­do sem­pre. Se, de fato, somos a Igre­ja e a que­re­mos cada vez mais for­te, vibran­te e con­di­zen­te com a von­ta­de de Deus, deve­mos, por meio da Sua Pala­vra, per­mi­tir que Ele nos mol­de dia a dia.

Sem dúvi­da, a Igre­ja Cris­tã, espe­ci­al­men­te a igre­ja evan­gé­li­ca bra­si­lei­ra, pre­ci­sa de pro­fun­das refor­mas. Mas essas mudan­ças só acon­te­ce­rão quan­do nós, que faze­mos e somos a Igre­ja de ver­da­de, nos per­mi­tir­mos ser reformados.

Se che­ga­mos à con­clu­são de que a Igre­ja pre­ci­sa de fato con­ti­nu­ar sen­do refor­ma­da, pre­ci­sa­mos, então, olhar para o nos­so inte­ri­or, a fim de per­ce­ber quan­tas coi­sas Deus pre­ci­sa mudar em cada um de nós.

Que pos­sa­mos nos con­ver­ter todos os dias à Sua von­ta­de para que, assim, a Igre­ja con­ti­nue sen­do, aqui na ter­ra, um vis­lum­bre do que é o céu!

Pr Tiago Valentim

Do ami­go e pastor,
Rev. Tia­go Valentin

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