Discernimento é coisa de gente madura

“Equilíbrio”, por Amjad Rasmi

Equi­lí­brio”, por Amjad Rasmi

Geral­men­te rela­ci­o­na­mos a ida­de de uma pes­soa com sua matu­ri­da­de. Even­tu­al­men­te essa rela­ção é cor­re­ta, mas nem sem­pre ida­de e matu­ri­da­de são compatíveis.

Por vezes, nos depa­ra­mos com casos inver­sos: pes­so­as com pou­ca ida­de, mas com uma matu­ri­da­de que ultra­pas­sa a que seria espe­ra­da na sua ida­de; ou, ao con­trá­rio, gen­te com ida­de avan­ça­da que ain­da age de manei­ra infantil.

Per­mi­tam-me dar meu pró­prio exem­plo. Eu me casei aos 22 anos de ida­de. Não sei se tinha a matu­ri­da­de espe­ra­da para me casar, mas tive matu­ri­da­de para tomar essa deci­são e, pela gra­ça do Senhor, tenho con­se­gui­do sus­ten­tá-la por qua­se 11 anos. Sin­ce­ra­men­te, se hoje alguém de 22 anos me dis­ses­se que iria se casar, eu fica­ria pre­o­cu­pa­do! Em con­tra­par­ti­da, tem sido cada vez mais comum encon­trar pes­so­as na casa dos 30 ou até dos 40 anos que ain­da moram com seus pais e não têm nenhu­ma pre­ten­são de mudar esse qua­dro. Tal com­por­ta­men­to não refle­te neces­sa­ri­a­men­te ima­tu­ri­da­de. Tal­vez seja ape­nas uma esco­lha. Isso nos mos­tra que nem sem­pre a ida­de é um cri­té­rio con­fiá­vel para medir a matu­ri­da­de de alguém.

Do pon­to de vis­ta da fé, a matu­ri­da­de é tam­bém algo bas­tan­te rela­ti­vo. Há inú­me­ros exem­plos na Bíblia de pes­so­as com pou­ca ida­de que assu­mi­ram gran­des res­pon­sa­bi­li­da­des. Pode­mos citar o peque­no Joás, que foi ungi­do rei de Judá com ape­nas 7 anos de ida­de (2 Rs 11:1–20); ou Maria, que se tor­nou a mãe do filho de Deus com apro­xi­ma­da­men­te 17 anos; ou, ain­da, o pró­prio Jesus, que, com ape­nas 30 anos – ain­da mui­to novo para os nos­sos padrões (ima­tu­ro?) –, assu­miu a mai­or de todas as tare­fas: fazer de Sua vida um tes­te­mu­nho con­cre­to da gra­ça, do poder e do amor de Deus. Fico me per­gun­tan­do como rea­gi­ría­mos se um rapaz de ape­nas 30 anos fizes­se e pre­gas­se hoje o que Jesus fez e pre­gou. Nós o acha­ría­mos novo demais, ima­tu­ro, incon­se­quen­te, impulsivo?

A ques­tão é que, para Deus, matu­ri­da­de está dire­ta­men­te liga­da a dis­cer­ni­men­to; e dis­cer­ni­men­to pode ou não estar asso­ci­a­do a expe­ri­ên­cia de vida (matu­ri­da­de). Isso por­que dis­cer­ni­men­to é um dom de Deus que pode ser con­ce­di­do tan­to a um jovem de 30 anos quan­to a um senhor de 60. O dom do dis­cer­ni­men­to é con­ce­di­do pelo Espí­ri­to, que nos faz conhe­cer a ver­da­de e o erro. Nem tudo que pare­ce vir de Deus de fato pro­ce­de d’Ele. A pró­pria Pala­vra nos adver­te a “pro­var” os espí­ri­tos: “Ama­dos, não deis cré­di­to a qual­quer espí­ri­to; antes, pro­vai os espí­ri­tos se pro­ce­dem de Deus, por­que mui­tos fal­sos pro­fe­tas têm saí­do pelo mun­do fora” (1 Jo 4:1).

A matu­ri­da­de está dire­ta­men­te asso­ci­a­da à nos­sa capa­ci­da­de de dis­cer­nir mani­fes­ta­ções espi­ri­tu­ais, de fazer esco­lhas cor­re­tas, de não nos dei­xar­mos levar por qual­quer impul­so, de per­ma­ne­cer­mos fir­mes naqui­lo que é certo.

Pes­so­as madu­ras para Deus não são exa­ta­men­te aque­las que vive­ram mais. Veja o caso de Abraão, que, já com mui­ta ida­de, teve uma ati­tu­de ima­tu­ra ao men­tir para os egíp­ci­os sobre seu vín­cu­lo com Sara (Gn 12:10–19 e 20:1–18). Para Deus, a matu­ri­da­de está liga­da ao nos­so dese­jo, à nos­sa bus­ca pelo dom do dis­cer­ni­men­to e o quan­to o apli­ca­mos em todas as dimen­sões da nos­sa vida.

O Senhor tem para nós esse gran­de dom, esse pre­ci­o­so dom que é o dis­cer­ni­men­to. Embo­ra seja um dom, isto é, algo que nos foi dado gra­tui­ta­men­te por Deus, é resul­ta­do, tam­bém, da nos­sa cami­nha­da. Pre­ci­sa­mos cami­nhar e ama­du­re­cer. O que nos tor­na madu­ros é a per­se­ve­ran­ça, a ora­ção, a Pala­vra de Deus e a docilidade.

Que, inde­pen­den­te­men­te da nos­sa ida­de cro­no­ló­gi­ca, pos­sa­mos ser madu­ros e madu­ras aos olhos de Deus.

Do ami­go e pastor,

Pr Tiago Valentim

Pr. Tia­go Valentin

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