Das trevas para a luz!

Esta­mos na Pás­coa, quan­do come­mo­ra­mos a res­sur­rei­ção de Cris­to. Mas não dá para falar de res­sur­rei­ção sem falar de mor­te. A mor­te pro­cu­ra se ins­ta­lar na exis­tên­cia das pes­so­as. Não falo ape­nas da mor­te físi­ca, mas da mor­te que tem mui­tos ros­tos. Aque­la que ves­te o man­to do egoís­mo, da infe­li­ci­da­de, que se apre­sen­ta como opres­são, que se ins­ta­la por meio da angús­tia, da tris­te­za e, por fim, da depressão.

A ori­gem da cele­bra­ção da Pás­coa está no perío­do da his­tó­ria judai­ca rela­ta­do no livro de Êxo­do, cujo nome sig­ni­fi­ca “saí­da”. E é exa­ta­men­te a saí­da dos judeus do Egi­to que esse livro relata.

Quan­do Ram­sés II, rei do Egi­to, subiu ao tro­no, apa­vo­rou-se com o cres­ci­men­to do povo de Isra­el, achan­do que isso colo­ca­va em ris­co o seu poder. Tal pre­o­cu­pa­ção deu iní­cio a uma série de ordens e de obras, que leva­ram os judeus a um perío­do de gran­de sofrimento.

Deus, ven­do o que se pas­sa­va com Seu povo, esco­lheu Moi­sés para tirá-lo des­sa situ­a­ção, dan­do àque­le líder os pode­res neces­sá­ri­os para o cum­pri­men­to da mis­são. Na sema­na em que o povo de Isra­el ini­ci­ou sua jor­na­da para dei­xar o Egi­to, Deus orde­nou que comes­sem ape­nas pão sem fer­men­to e, no últi­mo dia de sua saí­da, quan­do final­men­te esta­vam fora do Egi­to, seria come­mo­ra­da a pri­mei­ra Pás­coa, sen­do esse pro­ce­di­men­to cele­bra­do de gera­ção em geração.

Essa come­mo­ra­ção rece­beu o nome de “Pes­sa­ch”, que em hebrai­co sig­ni­fi­ca pas­sa­gem – nes­se caso da escra­vi­dão à liber­da­de. Foi daí que sur­giu a pala­vra “Pás­coa”.

A vin­da de Jesus deu novo sig­ni­fi­ca­do à Pás­coa. Ele trou­xe a “boa nova”, a espe­ran­ça de uma vida melhor; trou­xe a recei­ta para que o povo se liber­tas­se dos sofri­men­tos e das mal­da­des pra­ti­ca­das naque­la épo­ca. A mor­te de Cris­to repre­sen­ta, por­tan­to, o fim dos tor­men­tos e Sua res­sur­rei­ção sim­bo­li­za o iní­cio de uma vida nova, ilu­mi­na­da e regra­da pelos pre­cei­tos de Deus. A Pás­coa mar­ca, assim, a pas­sa­gem da mor­te para a vida, das tre­vas para a luz!

Hoje, domin­go de Pás­coa, temos a opor­tu­ni­da­de de fazer uma retros­pec­ti­va de nos­sas vidas e esta­be­le­cer um pon­to de reco­me­ço. Como cris­tãos e cris­tãs, sabe­mos, no entan­to, que o sen­ti­do da vida huma­na é a pró­pria vida – e vida abun­dan­te e de bom con­teú­do. Vive­mos e ali­men­ta­mos a espe­ran­ça, sem­pre reno­va­da, de uma vida que não sucum­ba ante os sinais de mor­te. E, quan­do enxer­ga­mos pes­so­as que pas­sam ao lar­go da vida, sen­ti­mos o impul­so de tra­zê-las para ela. Há algo de vivo, inqui­e­tan­te, pode­ro­so e atu­an­te na fé cris­tã que tor­na impos­sí­vel dei­xar­mos de pro­cu­rar a vida e levar outros a ela.

Como cris­tãos e cris­tãs, sabe­mos que, des­de que o sepul­cro de Cris­to foi encon­tra­do vazio, o sofri­men­to, a dor e a misé­ria não mais estão com a últi­ma pala­vra. O sepul­cro que rece­beu a mor­te de Cris­to con­ti­nua a abrir-se para que des­sa mor­te bro­te a vida. E essa é a vitó­ria da vida.

Pás­coa é isso: a vida ven­cen­do a mor­te. Pás­coa é isso: Deus mos­tran­do Sua for­ça. O Faraó, senhor das opres­sões, se afo­ga no mar. Foi-se “às pro­fun­de­zas como pedra” (Êx 15:5). Mais adi­an­te, a pró­pria mor­te cai­ria no ridí­cu­lo. Afi­nal, Jesus sai­ria vivo da sepul­tu­ra. Este é o gran­de mila­gre do Deus que nos cha­ma para recomeçar.

Pr. Lucas Gomes

Semi­na­ris­ta Lucas

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