A barriga está crescendo

Por­tan­to, esta mal­da­de vos será como a bre­cha de um muro alto, que, for­man­do uma bar­ri­ga, está pres­tes a cair, e cuja que­da vem de repen­te, num momen­to” (Isaías 30.13)

Exces­so de peca­do, exces­so de for­ni­ca­ção, exces­so de sober­ba, exces­so de futi­li­da­des… vive­mos a era dos exces­sos, indi­can­do que há uma per­da do equi­lí­brio, do bom sen­so e do domí­nio pró­prio. Acos­tu­ma­mo-nos ao nos­so ser frag­men­ta­do. Acos­tu­ma­mo-nos ao pen­sa­men­to repro­vá­vel, com­pra­mos a idéia de que o mun­do é assim, a vida é assim… Somos seres gre­gá­ri­os que acom­pa­nham a mas­sa. Mari­na Cola­san­ti per­ce­beu isso e escre­veu com maestria:

A gen­te se acos­tu­ma a morar em apar­ta­men­to de fun­dos e a não ter outra vis­ta que não as jane­las ao redor. E por­que não tem vis­ta, logo se acos­tu­ma a não olhar para fora. E por­que não olha para fora, logo se acos­tu­ma a não abrir de todo as cor­ti­nas. E por­que não abre as cor­ti­nas, logo se acos­tu­ma a acen­der mais cedo a luz. E por­que à medi­da que se acos­tu­ma, esque­ce o sol, esque­ce o ar, esque­ce a amplidão…”

De igual modo, a gen­te se acos­tu­ma com o peca­do. São peque­nos víci­os da alma que vão cres­cen­do, adqui­rem vida pró­pria e pas­sam a recla­mar que fazem par­te de nós. São más­ca­ras que, de tan­to usar­mos, nos ape­gam ao ros­to, e quan­do ten­ta­mos tira-las não reco­nhe­ce­mos quem vemos no espelho.

Espe­ra-se do cris­tão que seja trans­for­ma­do de “gló­ria em gló­ria” segun­do a ima­gem de Cris­to, e não sim­ples­men­te que tenha uma “con­du­ta ade­qua­da”. Que­rer ade­quar o com­por­ta­men­to dos fiéis foi o que os gru­pos fun­da­men­ta­lis­tas sem­pre fize­ram, con­di­ci­o­nan­do as pes­so­as a darem as res­pos­tas que se espe­ra­vam delas. O resul­ta­do se mos­trou desas­tro­so, pois elas se ade­qua­ram àqui­lo que o gru­po que­ria, mas suas con­tra­di­ções inte­ri­o­res não foram equacionadas.

Cris­to não veio “melho­rar” o com­por­ta­men­to de nin­guém, veio mudar a vida, as moti­va­ções, os olhos, as entra­nhas… Somen­te o com­por­ta­men­to que vem de den­tro pra fora e se ori­gi­na “de cima” pra bai­xo hon­ra a Deus e tes­te­mu­nha uma vida inte­ri­or plena.

A bar­ri­ga do muro está cres­cen­do, está pres­tes a cair, e a que­da virá de repen­te, num momen­to. Se não se mudar a ati­tu­de inte­ri­or, o fim será ine­xo­rá­vel. Não há por­que pos­ter­gar a for­ma de vida doen­tia e escon­de-la numa apa­rên­cia de san­ti­da­de. Deus não se como­ve com nos­sas demons­tra­ções de espi­ri­tu­a­li­da­de, gri­ti­nhos, gemi­dos, cho­ro com­pul­si­vo… essas coi­sas não resis­tem dois segun­dos dian­te do fogo con­su­mi­dor de Javé. Quei­mam como palha seca [1Co 3.13].

Há uma urgên­cia no Evan­ge­lho. O tem­po de Deus se cha­ma hoje. Já é tem­po de dei­xar as obras das tre­vas, e des­per­tar para uma vida como legí­ti­mos filhos da luz. Viver em dis­so­lu­ção, bai­xa­ri­as, gri­ta­ri­as e con­fu­são, é coi­sa do pas­sa­do. Por­tan­to, diz Pau­lo, aque­le que fur­ta­va, não fur­te mais [Ef 4.28], o que blas­fe­ma­va, que tra­ga pala­vras agra­dá­veis dos lábi­os [Ef 4.29], o mur­mu­ra­dor [1Co 10.10], que pas­se a glo­ri­fi­car mais e recla­mar menos, os lega­lis­tas que se sujei­ta­vam a regras e orde­nan­ças, que pas­sem a con­fi­ar somen­te na Gra­ça [Cl 2.20], que os avarentos
[Cl 3.5], apren­dam a ser libe­rais reco­nhe­cen­do que tudo o que pos­su­em é de Deus; os adúl­te­ros [Hb 13.4] não “pulem” mais a cer­ca, e os for­ni­ca­do­res parem de fornicar.

Cris­tãos sin­ce­ros em bus­ca de matu­ri­da­de espi­ri­tu­al have­rão de reco­nhe­cer as doen­ças ins­ta­la­das no ser inte­ri­or – e tra­ta-las. Há víci­os na alma que pre­ci­sam e podem ser que­bra­dos. A bar­ri­ga está cres­cen­do, a vida é efê­me­ra, e tudo pas­sa rapidamente…

Quan­do se vê, já é natal…

Quan­do se vê, já ter­mi­nou o ano…

Quan­do se vê per­de­mos o amor da nos­sa vida.

Quan­do se vê pas­sa­ram 50 anos! (Mário Quintana)

Não dei­xe a bar­ri­ga do muro cres­cer. Se você demo­rar mui­to em tomar ati­tu­de, pode­rá ser tar­de demais.

Pr. Daniel Rocha

Pr. Dani­el Rocha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.