Não há lugar para ele

Eis que estou à por­ta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a por­ta, entra­rei… (Ap 3.20)

Jesus bateu leve­men­te à por­ta, mas havia tan­ta gen­te oran­do em êxta­se, e ao mes­mo tem­po, que nin­guém escutou.

Jesus bateu à por­ta, mas naque­le exa­to momen­to ocor­ria uma aca­lo­ra­da dis­cus­são entre libe­rais e con­ser­va­do­res sobre a melhor for­ma de ado­ra­ção, e eles nem perceberam.

Jesus cha­mou sua­ve­men­te do lado de fora, mas naque­le dia a con­gre­ga­ção fes­te­ja­va ale­gre­men­te a pre­sen­ça de con­vi­da­dos famo­sos… e nin­guém se deu conta.

Jesus insis­tiu mais uma vez. Mas os gri­tos do jovem pre­ga­dor eco­a­vam tão altos e com tal vee­mên­cia, que a pla­téia nem se mexeu.

O que fazia Jesus do lado de fora? Sim­ples: ele foi expulso.

Ilus­tra­mos as situ­a­ções aci­ma a par­tir do per­fil da igre­ja de Lao­di­céia, men­ci­o­na­da no livro do Apo­ca­lip­se. Não por aca­so, é a igre­ja que mais se pare­ce com os nos­sos tem­pos: ela é rica, seu tem­plo bem cons­truí­do, e seus mem­bros vivem bem. A afluên­cia aos cul­tos é gran­de, a pre­ga­ção bem ao gos­to do povo, e suas can­ções enchem o ar… Mas há um pro­ble­ma: Jesus, Aque­le pelo qual é a razão de sua exis­tên­cia, está do lado de fora.

Não havia lugar para Jesus na hos­pe­da­ria, não havia lugar para Ele na igre­ja de Lao­di­céia, não há lugar para Ele no mun­do. Nós o expul­sa­mos do tem­plo, e o expul­sa­mos da vida. Fazer men­ções cons­tan­tes ao Seu Nome não indi­cam inti­mi­da­de, sub­mis­são ou iden­ti­fi­ca­ção com Ele. Ao con­trá­rio, Jesus é o des­co­nhe­ci­do mais famo­so de nos­so tempo.

A gran­de per­gun­ta é: Que rele­vân­cia tem Jesus para nós dian­te das inú­me­ras situ­a­ções que enfren­ta­mos no dia-a-dia? Qual o peso que Jesus tem dian­te das deci­sões que toma­mos a todo o momento?

A vida no mun­do pós-moder­no muti­la o ser: exi­gên­ci­as inter­mi­ná­veis, pra­zos a serem cum­pri­dos, metas a serem alcan­ça­das. E inte­ri­or­men­te enfren­ta­mos pode­ro­sos impul­sos des­tru­ti­vos: somos por natu­re­za idó­la­tras, mal­do­sos e egoís­tas. Bus­ca­mos, então, refú­gio, na reli­gião. Porém, a reli­gi­o­si­da­de que não tem Jesus Cris­to no seu cen­tro, tem se mos­tra­do inca­paz de res­tau­rar a paz inte­ri­or e dar equi­lí­brio ao nos­so ser. A cons­ta­ta­ção é óbvia: as igre­jas estão cada vez mais chei­as de pes­so­as vazias.

Expul­sa­mos Jesus. Ele não é mais o Senhor que diri­ge a men­te e os pro­pó­si­tos do cora­ção, pois isso é dar mui­ta impor­tân­cia a alguém “dis­tan­te”… melhor eu mes­mo resolver.

Expul­sa­mos Jesus do nos­so lou­vor. As letras das músi­cas não são mais sobre o que Ele faz, ou Sua Obra, pois Ele não é o cen­tro – o cen­tro sou eu: meus dese­jos, meus pla­nos, minhas neces­si­da­des, e o que estou sentindo…

Expul­sa­mos Jesus de nos­sas pre­ga­ções. Não fala­mos mais Dele e sua cruz, seu sofri­men­to, sua humildade…

Expul­sa­mos Jesus da vida e res­trin­gi­mos a lem­bran­ça de Sua pes­soa ape­nas às datas espe­ci­ais, como o Natal ou a Sema­na Santa.

Jesus foi expul­so até da lite­ra­tu­ra que pre­ten­de ser cris­tã. O que enche as pra­te­lei­ras das livra­ri­as, e ven­de mui­to, é o gêne­ro pseu­do­cris­tão. Mas não é de auto-aju­da que pre­ci­sa­mos, e sim de Aju­da do Alto.

Ou colo­ca­mos Jesus de vol­ta no cen­tro de nos­sas vidas, ou nos­sa exis­tên­cia será mar­ca­da pelo vazio, pela super­fi­ci­a­li­da­de e por uma espi­ri­tu­a­li­da­de sem Deus. O que Ele mais dese­ja é entrar e com­par­ti­lhar conos­co de cada momen­to vivi­do, de cada momen­to fes­ti­vo, e tam­bém estar ao nos­so lado quan­do enfren­tar­mos as dores, que cedo ou tar­de virão. Eu diria que ele já está a algum tem­po baten­do doce­men­te à sua por­ta… você percebeu?

Pr. Daniel Rocha

Pr. Dani­el Rocha

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.