Não precisava tudo isso, Senhor!

A ter­ra está cheia da bon­da­de do Senhor” (Sal­mo 33.5)

À medi­da que enve­lhe­ço mais eu vejo o quan­to Deus ama a sua cri­a­ção, e como o mun­do que Ele cri­ou é bom. A bon­da­de de Deus está espa­lha­da por toda a par­te, em núme­ro infi­ni­ta­men­te mai­or que a mal­da­de exis­ten­te à nos­sa vol­ta. “A Ter­ra está cheia da Tua bon­da­de”, diz o salmista.

Para a exis­tên­cia do homem na Ter­ra seria per­fei­ta­men­te dis­pen­sá­vel tan­tas espé­ci­es de orquí­de­as, tan­tas cores de rosas, os ipês ou o flam­boyant. Mas Deus quis nos pre­sen­te­ar com tudo isso, e de que­bra ain­da per­fu­mou as flo­res e colo­riu as árvo­res com sua pale­ta divi­na. Não pre­ci­sa­va tudo isso, Senhor.

Para o homem viver bem não seria impres­cin­dí­vel que ele tam­bém coe­xis­tis­se com os gol­fi­nhos, a baleia azul, ou o bei­ja-flor. Mas Deus pre­en­cheu o mun­do com eles para admi­rar­mos sua infi­ni­ta ins­pi­ra­ção e incan­sá­vel cri­a­ti­vi­da­de. É qua­se uma brin­ca­dei­ra divi­na a infi­ni­da­de de mode­los de ani­mais, como o can­gu­ru com seu jei­to engra­ça­do, ou a gira­fa. Aliás, para cri­ar um bicho com um pes­co­ço daque­le tama­nho, é pro­va que Deus pos­sui um gran­de sen­so de humor. Não pre­ci­sa­va tudo isso, Senhor.

Deus deu os ali­men­tos para pro­ver a fome do homem, bem como a água para saci­ar sua sede. Já nos bas­ta­ri­am. Mas Ele fez mais, deu-nos tam­bém “o vinho que ale­gra o cora­ção do homem” (Sal­mo 104.15). O Cri­a­dor agra­dou-se em con­ce­der a nós mui­to mais que o mero sus­ten­to. Ele quis nos dar pra­zer tam­bém, como se fos­se um “bônus” divi­no. Não pre­ci­sa­va, Senhor.

Para o sono do homem, a noi­te pode­ria ser total­men­te escu­ra e silen­ci­o­sa, mas não é. Deus, em sua sabe­do­ria, encheu a tre­va notur­na de sons diver­sos, como o coa­xar dos sapos e o tri­lar dos gri­los, que ao invés de atra­pa­lhar, pro­duz uma sen­sa­ção de segu­ran­ça. É como se a pre­sen­ça deles dis­ses­se: “está-tudo-bem-está-tudo-bem”. Não pre­ci­sa­va, Senhor.

Quem pode negar que belas músi­cas como “Bra­si­lei­ri­nho” ou “Fas­ci­na­ção” não são ori­gi­ná­ri­as em Deus? Ain­da que seus auto­res não cre­di­tas­sem ao Eter­no a ins­pi­ra­ção, foi Dele que rece­be­ram seus dons.

Há cris­tãos que des­va­lo­ri­zam a arte quan­do ela não faz refe­rên­ci­as a Deus ou a sím­bo­los reli­gi­o­sos. Boba­gem. Os artí­fi­ces que fize­ram as ves­tes sacer­do­tais de Arão bor­da­ram figu­ras de “romãs azuis” nas rou­pas dele (Ex 28.33). Alguém já viu romã azul, a não ser como obra de arte? As pare­des do tem­plo que Salo­mão ergueu para a gló­ria de Deus eram orna­das com figu­ras de “pal­mei­ras e flo­res aber­tas” (1Rs 6.29).

É incom­pre­en­sí­vel um cris­tão não amar as Artes, se Deus é o gran­de Artí­fi­ce divi­no. Deus ama a esté­ti­ca, a métri­ca, o deta­lhe. Con­ta-se que quan­do Miche­lan­ge­lo pin­ta­va o teto da cape­la Sis­ti­na inda­ga­ram-lhe por­que ele fica­va tan­to tem­po no can­to da cape­la pre­o­cu­pa­do com deta­lhes, afi­nal quem iria vê-los? E ele res­pon­deu: “Deus vê os detalhes”.

Tudo o que Deus cri­ou é “mui­to bom”, por isso Ele se agra­da de quem tor­na este mun­do mais belo. Pau­lo dis­se que o homem é indes­cul­pá­vel por não reco­nhe­cer os atri­bu­tos divi­nos atra­vés das cou­sas que foram cri­a­das. Ó Deus, não per­mi­ta nun­ca que meus olhos dei­xem de admi­rar este mun­do mara­vi­lho­so que Tu cri­as­te para mim. Não pre­ci­sa­va tudo isto, Senhor.

Pr. Daniel Rocha

Pr. Dani­el Rocha

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