Mães, Marias, mulheres

E, fal­tan­do vinho, a mãe de Jesus lhe dis­se: Não têm vinho. Dis­se-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu con­ti­go?” (João 2:3–4).

Bodas de Caná

Bodas de Caná

No ver­sí­cu­lo aci­ma, a res­pos­ta de Jesus para Sua mãe nos cha­ma mui­to a aten­ção, pois soa um tan­to rís­pi­da. O con­tex­to apre­sen­ta­do é uma fes­ta de casa­men­to na qual um dos ingre­di­en­tes, o vinho, que sim­bo­li­za­va e até cer­to pon­to garan­tia a ale­gria da fes­ta, havia acabado.

Eis que então a mãe de Jesus recor­re ao seu Filho. A ati­tu­de de Maria é típi­ca de uma mãe. Ela fala com Jesus pedin­do Sua aju­da, pois, como é pró­prio de toda boa mãe, ela conhe­ce seu Filho melhor do que nin­guém e sabe que Ele pode resol­ver aque­le gran­de pro­ble­ma. O des­fe­cho da his­tó­ria é conhe­ci­do. Jesus de fato resol­ve o pro­ble­ma e, mais do que isso, supe­ra as expec­ta­ti­vas, pro­du­zin­do o melhor vinho da festa.

Eis mais uma cena “clás­si­ca” da rela­ção entre mães e filhos: Maria está cer­ta, como toda boa mãe! Se ouvís­se­mos e hon­rás­se­mos mais nos­sas mães, pro­va­vel­men­te pas­sa­ría­mos por menos situ­a­ções com­pli­ca­das em nos­sa vida. Afi­nal, quem nun­ca ouviu a mãe dizer “Meni­no, leva o guar­da-chu­va que vai cho­ver”, mes­mo o céu estan­do azul? Se ela falou, é melhor se pre­ve­nir, pois as chan­ces de cho­ver são grandes.

Mais uma vez, cons­ta­ta­mos a ação mater­na pre­sen­te. Enquan­to as aten­ções se vol­tam para Jesus, Maria, de manei­ra dis­cre­ta, agin­do nos bas­ti­do­res, aci­o­na os ser­ven­tes e pede para que eles auxi­li­em seu Filho em tudo o que Ele pre­ci­sar. Quan­tas vezes nos­sas mães agem exa­ta­men­te assim, faci­li­tan­do nos­sas vidas, agi­li­zan­do, ajei­tan­do, dire­ci­o­nan­do as coi­sas de manei­ra dis­cre­ta, qua­se que imper­cep­tí­vel, para nos aju­dar ou nos favorecer?

E então? Jesus foi mes­mo mal­cri­a­do com Sua mãe? Con­fes­so que tenho mui­ta difi­cul­da­de para clas­si­fi­car a res­pos­ta de Jesus a Maria. Com medo de errar, pre­fi­ro dizer que foi uma res­pos­ta típi­ca de quem não é mãe.

É fato que, depois da expe­ri­ên­cia da pater­ni­da­de ou da mater­ni­da­de, nos­sa per­cep­ção da vida, da edu­ca­ção que rece­be­mos e que pre­ten­de­mos pas­sar para nos­sos filhos e, prin­ci­pal­men­te, as res­pos­tas que demos aos nos­sos pais nos fazem pen­sar e mudar de ati­tu­de. As mães nem sem­pre sabem a manei­ra exa­ta, mais ade­qua­da e mais sábia de expres­sar seu cui­da­do e seu amor. Tal­vez tenha sido isso que levou Maria a falar com Jesus da manei­ra como o Evan­ge­lho de João nos rela­ta: alertando‑o sobre o que deve­ria ser fei­to. Tal­vez ain­da não esti­ves­se cla­ro em seu cora­ção mater­no que seu Filho era um rei e, por­tan­to, alguém que tinha auto­ri­da­de sobre tudo e sobre todos. Mas pode­mos dizer, sem medo de errar: Maria esta­va ape­nas sen­do mãe!

O fim da nar­ra­ti­va é a sín­te­se do que uma mãe é capaz de fazer por seus filhos. Ape­sar do diá­lo­go típi­co entre filho e mãe – meio rís­pi­do, é cer­to –, Maria con­ti­nua seguin­do o Mes­si­as, o Deus Encar­na­do, o Rei dos Reis, que, para ela, é ape­nas o seu Filho. Maria se reve­la uma mãe per­do­a­do­ra, gra­ci­o­sa e per­sis­ten­te. Ela sabe que sua par­ti­ci­pa­ção, pró­xi­ma ou dis­tan­te, apa­ren­te ou dis­cre­ta, con­tri­bui­rá com a jor­na­da de seu Filho.

Nes­te dia tão espe­ci­al, agra­de­ce­mos nos­sas mães por bus­ca­rem ser tão inces­san­te­men­te nos­sas mães e por nos acom­pa­nha­rem na jor­na­da da vida, fazen­do tudo ser mais fácil, leve e sua­ve para nós.

Pr Tiago Valentim

Do ami­go e pastor,
Rev. Tia­go Valentin

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