Discipulado: um estilo de vida

O para­dig­ma da vida e do minis­té­rio de Jesus foi o dis­ci­pu­la­do, ou seja, o mode­lo minis­te­ri­al e mis­si­o­ná­rio de Jesus esta­va base­a­do na repro­du­ção de um esti­lo de vida mar­ca­do por um rela­ci­o­na­men­to de gra­ça, de amor e de com­pro­me­ti­men­to. Quan­do rele­mos a Bíblia encon­tra­mos o para­dig­ma do dis­ci­pu­la­do tan­to no Anti­go Tes­ta­men­to como no Novo, sobre­tu­do no minis­té­rio ter­re­no de Jesus. Da mes­ma for­ma, ao reler a his­tó­ria do movi­men­to wes­leya­no, obser­va­mos que tam­bém John Wes­ley fun­da­men­tou em peque­nos gru­pos de dis­ci­pu­la­do o movi­men­to que ele iniciou.

A Igre­ja Meto­dis­ta, ao vol­tar a dar ênfa­se a esse para­dig­ma, no iní­cio dos anos 2000, não o fez visan­do com­ba­ter algum movi­men­to nem, pri­o­ri­ta­ri­a­men­te, ado­tar uma meto­do­lo­gia de evan­ge­li­za­ção e cres­ci­men­to do meto­dis­mo. O que deve nos moti­var enquan­to meto­dis­tas e cris­tãos é ado­tar o dis­ci­pu­la­do como um “modo de ser”, um “esti­lo de vida” pes­so­al e comu­ni­tá­rio, sen­do tam­bém uma “for­ma de pas­to­reio” a ser desen­vol­vi­da em nos­sas comu­ni­da­des e uma “estra­té­gia” na manei­ra de ser­mos comunidade.

O dis­ci­pu­la­do não visa, de iní­cio, ser um pro­ces­so didá­ti­co de apren­di­za­gem nem tam­pou­co uma for­ma prag­má­ti­ca de cres­ci­men­to para a Igre­ja. É algo bem mais rela­ci­o­nal, que bus­ca, à luz do pró­prio Cris­to, fun­da­men­tar a comu­nhão, a con­vi­vên­cia, a comu­ni­ca­ção e a for­ma­ção do cará­ter das pes­so­as rela­ci­o­na­das com o Senhor e com a Sua comu­ni­da­de – a Igre­ja, cor­po vivo de Cris­to. Essa foi a manei­ra de ser de Jesus com a Sua comu­ni­da­de pri­mi­ti­va e da comu­ni­da­de apos­tó­li­ca, bem como a con­vi­vên­cia ins­pi­ra­do­ra, fra­ter­nal e comu­nal do povo cha­ma­do meto­dis­ta, a par­tir de sua gran­de expres­são, John Wesley.

Dis­ci­pu­la­do é um esti­lo de vida, uma manei­ra de ser em que as pes­so­as se rela­ci­o­nam, entram em comu­nhão, aco­lhem umas às outras, com­par­ti­lham o que são, sen­tem e care­cem; oram umas pelas outras, lou­vam e ado­ram ao Senhor jun­tas, estu­dam a Pala­vra à luz da gra­ça, da expe­ri­ên­cia e da razão da comu­ni­da­de de fé.

Quan­do Jesus se rela­ci­o­na­va com uma pes­soa, Ele não a via como alguém “a ser ganho”, mas alguém a “ser ama­do”, com quem dese­ja­va “par­ti­lhar a sua gra­ça”. Ele leva­va em con­ta a per­so­na­li­da­de de cada um com quem se rela­ci­o­na­va. O que sig­ni­fi­ca con­si­de­rar a situ­a­ção con­cre­ta, a sua rea­li­da­de, as suas neces­si­da­des, os seus inte­res­ses e as suas pecu­li­a­ri­da­des. Conhe­cer, con­vi­ver e levar em con­si­de­ra­ção a situ­a­ção que a pes­soa viven­cia, a par­tir do Evan­ge­lho, pro­por­ci­o­na a nós dar tes­te­mu­nho e levá-la a dese­jar tor­nar-se dis­cí­pu­la do Senhor. Dis­cí­pu­los fru­ti­fi­cam outros dis­cí­pu­los com auten­ti­ci­da­de e trans­pa­rên­cia, e não com “más­ca­ras”.

Fazer dis­cí­pu­los, evan­ge­li­zar não é uma coi­sa impes­so­al. É algo inti­mo, no qual o afe­to está pre­sen­te e há uma rela­ção de pro­xi­mi­da­de entre as pes­so­as. Pode­mos obser­var isso cla­ra­men­te nas ati­tu­des de Jesus. O após­to­lo Pau­lo noz diz: “Ten­de em vós o mes­mo sen­ti­men­to que hou­ve tam­bém em Cris­to Jesus” (Fp 2:5). Isso sig­ni­fi­ca ter­mos em nós a mes­ma for­ma de ser, sen­tir, agir e com­por­tar-se do Mes­tre. Ele amou, foi ser­vo, esva­zi­ou-se de si mes­mo, deu-se em favor das pes­so­as. Foi soli­dá­rio! Ao fazer dis­cí­pu­los para Jesus, nada pode ser impes­so­al. Há comu­nhão, afe­ti­vi­da­de e relacionamento.

É com esse espí­ri­to e sen­ti­men­to que tes­te­mu­nha­mos, evan­ge­li­za­mos e bus­ca­mos fazer dis­cí­pu­los, con­fi­an­do na genui­ni­da­de do nos­so amor e da nos­sa manei­ra de ser, na gra­ça e no poder do Evan­ge­lho e na ação do Espí­ri­to San­to. A soci­e­da­de atu­al con­si­de­ra as pes­so­as como obje­tos, mui­tas vezes. Mas para o Senhor não é assim. Cada pes­soa é alguém a quem Ele ama com todo o Seu ser, ten­do pro­va­do isso por meio de Seu sacrifício.

Pr Tiago Valentim

Do dis­cí­pu­lo de Cristo,
Pr. Tia­go Valentin

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