Deus mandou te dizer…

Confes­se­mos, gos­ta­mos de ouvir que coi­sas boas e agra­dá­veis irão acon­te­cer conos­co. Afi­nal, não que­re­mos saber de “coi­sas ruins” para a nos­sa vida. E, quan­do alguém nos diz pala­vras de suces­so, de cura, de ganhos que tere­mos, de res­pos­tas de ora­ção que estão che­gan­do, dize­mos: “Amém. Rece­bo!”. Quem nun­ca ouviu e se ale­grou com pala­vras assim? Se, por­ven­tu­ra, a pala­vra não é do agra­do, a res­pos­ta é: “Está amarrado!”.

Quan­do o povo de Deus este­ve cati­vo na Babilô­nia, sur­gi­ram inú­me­ros pro­fe­tas dizen­do que eles deve­ri­am se ale­grar, pois logo dei­xa­ri­am aque­la ter­ra estra­nha e vol­ta­ri­am para casa. Quem, no exí­lio, não dese­ja ouvir uma notí­cia des­sas? Deus, porém, joga um bal­de de água fria: “Não vos enga­nem os vos­sos pro­fe­tas que estão no meio de vós, nem os vos­sos adi­vi­nhos, nem deis ouvi­dos aos vos­sos sonha­do­res, que sem­pre sonham segun­do o vos­so dese­jo” (Jr 29:8).

Cha­mou-me a aten­ção essa últi­ma par­te: “sem­pre sonham segun­do o vos­so dese­jo”. Ou seja, mui­tos falam não a par­tir do que ouvi­ram do Senhor, mas sim o que o outro dese­ja ouvir. No caso cita­do, o úni­co que falou da par­te de Deus – e sofreu por isso – foi Jere­mi­as. Não have­ria vol­ta para casa tão cedo: “Edi­fi­cai casas (…), plan­tai poma­res (…), casai filhos e filhas (…), por­que vive­reis ain­da seten­ta anos na Babilô­nia” (Jr 29:5–10).

Eu fica­ria imen­sa­men­te feliz se alguém, vin­do da par­te de Deus, me dis­ses­se: “Dani­el, você vai ganhar tal e tal coi­sa, goza­rá de boa saú­de até os 100 anos, vive­rá para ver até sua quar­ta gera­ção…”. Eu diria: “Que coi­sa tre­men­da! Rece­bo!” Mas espe­re um momen­to. Quem está falan­do? Foi o Senhor? Veio do céu?

Dian­te do vale de ossos secos, Eze­qui­el pro­fe­ti­zou e os ossos mila­gro­sa­men­te revi­ve­ram. Mas o pro­fe­ta não falou de sua boca, nem de acor­do com suas inten­ções: “Pro­fe­ti­zei segun­do me fora orde­na­do” (Ez 37:7). Ou seja, não é o dese­jo do homem, mas é Deus que orde­na a bênção!

Pau­lo dese­ja­va subir a Jeru­sa­lém, mas um pro­fe­ta cha­ma­do Ága­bo, toman­do um cin­to, pren­deu os pró­pri­os pés e mãos e dis­se: “Isso farão com você” (At 21:11). O após­to­lo não recla­mou, dizen­do: “Poxa, a gen­te quer fazer o bem e vem alguém pro­fe­ti­zar coi­sa ruim?”. Sim, às vezes Deus nos dirá coi­sas que pode­rão nos desagradar.

Quan­do nos­sos filhos são peque­nos, pou­pa­mo-los de sabe­rem inú­me­ras situ­a­ções afli­ti­vas e lhes dize­mos: “Está tudo bem, está tudo bem”. Isso acal­ma os cora­çõe­zi­nhos ansi­o­sos. Entre­tan­to, quan­do cres­cem e adqui­rem matu­ri­da­de para enfren­tar as rea­li­da­des da vida, já podem supor­tar a ver­da­de. Isso não lhes fará mal e será uma opor­tu­ni­da­de de fica­rem mais for­tes dian­te das adver­si­da­des e aumen­ta­rem a con­fi­an­ça em nós.

Se você tam­bém cres­ceu e ama­du­re­ceu na fé, Deus lhe dirá todas as coi­sas, até aque­las que não te agra­dam. Mas, se você não supor­ta ouvir falar de adver­si­da­des e acha que Jesus te aban­do­nou toda vez que enfren­ta uma tri­bu­la­ção, pro­va­vel­men­te pre­ci­sa­rá a todo o momen­to de pro­vas, de con­fir­ma­ções, de sinais, ora de “nove­lo de lã molha­do”, ora de “nove­lo de lã seco” (Jz 6:37–40). Não pare­ce ain­da haver amadurecimento.

Ago­ra, como prê­mio por ter che­ga­do até o final des­ta lei­tu­ra, Deus man­dou te dizer: “Tão somen­te sê for­te e mui cora­jo­so. De manei­ra algu­ma te dei­xa­rei e jamais te aban­do­na­rei” (Js 1:5–7).

Creio que bas­ta, não?

Pr. Daniel Rocha

Por Dani­el Rocha,
pas­tor da IM Cen­tral em San­to André (SP)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.